A dependência emocional e suas consequências
Com certeza vocês já ouviram falar em alguma pessoa que faz tudo pelo outro, abdica de suas vontades e prazeres em prol das vontades do outro, esquece de si e se dedica quase que integralmente a alguém. Pensou em algum nome?
Em um relacionamento a longo prazo, isso pode levar a um desgaste profundo e a consequências bem perigosas.
Entende-se enquanto dependência afetiva o desprendimento de cuidado e atenção em excesso destinados a uma pessoa, sendo suas ações realizadas com a finalidade de não perder o afeto do outro.
A dependência afetiva está muito ligada a inseguranças, culpa, medo de ficar sozinho, baixa auto estima, podendo até mesmo estar associada ao sonho do amor romântico, quando busca-se um ideal de relacionamento – muitas vezes inalcançável.
Comumente a pessoa não consegue se imaginar longe da figura de afeto.
No DSM V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, consta o Transtorno da Personalidade Dependente enquanto uma patologia, que consiste em padrões de comportamentos submissos e apegados, relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado, dependência excessiva de elogios e conselhos, chegando até mesmo a fazer coisas que lhes são desagradáveis para obter apoio e carinho. (Sendo especialmente importante, nesses casos, o acompanhamento profissional especializado.)
Muitas vezes, em um relacionamento sem responsabilidade afetiva, a pessoa com padrão de comportamento dependente pode se encontrar em uma situação delicada. Ela tende a posicionar-se pelo outro, e o outro, atendo-se a isso, consegue controlar e cercear as ações da companheira ou companheiro.
É necessário entendermos a importância de nos colocarmos sempre em primeiro plano, focando em realizações pessoais, exercitando o autoconhecimento e aprimorando esse encontro consigo.
Amor próprio é muito do que precisamos, e não vende na esquina. É um exercício diário apaixonar-se pelo que se é!
Fontes:
FABENI, Lorena et al . O discurso do “amor” e da “dependência afetiva” no atendimento às mulheres em situação de violência.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5 – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2014.
PORTO, Madge; BUCHER-MALUSCHKE, Júlia S. N. F. A permanência de mulheres em situações de violência: considerações de psicólogas.
Colunista do Fora da Trama
Karolaine Silva de Meneses – Psicóloga clínica (CRP 08/30379) com perspectiva interseccional de raça, classe e gênero. Pós graduanda em Gestão Pública pela UEPG. Também é Conselheira Suplente do Conselho Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu. Atualmente, residente na Secretaria Estadual de Segurança Pública – Departamento Penitenciário. Além de tudo, colunista ativa do Fora da Trama.