“Eu não sou inocente, também não sou culpado. Me deixem dizer a verdade sobre mim. Tenho usado uma máscara todo dia em cada dia da minha vida… no colégio era o sorriso falso para as pessoas gostarem de mim.
Na faculdade, eu comecei fazendo curso de Direito pensando que podia mudar o que havia de errado no mundo. Na sequência, cursei psicologia.
Onde eu trabalho eu sou super brincalhão, competente, e me esforço cada dia mais pra fazer em dobro o que eu faço. Tudo na tentativa de criar uma versão que o mundo me aceitasse. Mas eu cansei.
Dentro da minha cabeça viviam monstros horríveis, que me atormentam diariamente. São monstros do passado, monstros do futuro, existem milhões deles que ninguém consegue entender.
Um pouco estranho um “psicólogo” falar abertamente sobre isso, mas sim, tenho Transtorno Bipolar, sofro de ansiedade, tenho TOCs terríveis, insônias, manias de perseguição. Eu sou muitas coisas, mas a principal, eu sou um sobrevivente.
Sobrevivi ao suicídio do meu pai, ao assassinato do meu irmão, sobrevivi ao bullying no colégio quando me chamavam de “viadinho”, sobrevivi à depressão, ao luto, aos medos, às inseguranças e à rejeição de uma família inteira.
Quem eu sou… um homem de 26 anos, ambicioso, gay, imperfeito, explosivo, justo, imparcial, triste, forte, sentimental, medroso, equânime, talentoso, negligente, inexperiente. Não vou reclamar da vida, não faz parte do meu feitio… nunca reclamei porque no fundo eu sou abençoado, e tem muita gente lá em cima olhando por mim.
Eu só cansei de estar disfarçado o tempo todo, eu quero ser eu pela primeira vez. E eu posso ser, eu tenho condições de ser eu. Apenas coloquei todos os monstros dentro de um baú escondido na minha cabeça, enquanto estiverem lá, eu estarei livre. E a melhor liberdade é a interior.
Não sejam reféns de seus monstros, mostrem a eles quem está no controle. Assim você será feliz.”
Texto autoral enviado por Richard Probst Senna.
